Revolução Russa
A
Rússia, no início do século XX, era governada por uma monarquia absolutista e
era pouco desenvolvida economicamente.
Era
o maior império territorial do mundo, ocupando regiões da Europa e da Ásia.
O império Russo em 1900 |
A
base da sociedade era a agricultura predominantemente rural, utilizava técnicas
e equipamentos ultrapassados, proporcionando baixo rendimento agrícola. A terra
pertencia à nobreza, que era sustentada pelo trabalho dos camponeses.
O
setor industrial era mais moderno que o rural, mas também havia desigualdades
entre ricos (donos das fábricas, dos meios de produção) e pobres
(trabalhadores, operários).
Xilogravura anônima de 1890 que retrata a precária situação da população rural na Rússia czarista durante o século XIX.
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Inspirados nos ideais anarquistas e
comunistas ansiavam também por derrubar o poder do czar e implantar um governo
de cunho popular. Houve influência das ideias de Marx e Engels sobre a classe
operária russa nesse contexto pré-revolucionário.
Ditadura do proletariado
Termo criado por Karl Marx e Friedrich
Engels, criadores do chamado socialismo científico, no qual propunham a
organização do proletariado contra a burguesia, como forma de eliminar a
exploração capitalista. Segundo eles, somente o proletariado (trabalhadores
assalariados) poderia extinguir o capitalismo por meio de uma revolução. A
partir daí, seria estabelecida a ditadura do proletariado, fase intermediária
rumo à sociedade sem classes, na qual as terras, as máquinas e as fábricas passariam
ao controle dos operários. Depois de eliminada a luta de classes pelo fim da
desigualdade social e da propriedade privada, a sociedade não precisaria mais
do Estado e seria alcançado então o estágio final do desenvolvimento social: o
comunismo, ou a sociedade sem classes.
A partir de 1905, após a Rússia perder
a guerra contra o Japão, debilitando a economia e gerando graves consequências
sociais, esse desejo por mudanças ficou mais evidente.
Domingo Sangrento
Em janeiro de 1905, trabalhadores de
São Petersburgo, então capital da Rússia, organizaram uma manifestação e foram
recebidos a tiros pelas tropas do czar. Cerca de mil pessoas morreram nesse
acontecimento, que causou revolta em diversos pontos do território russo.
Tropas do exército do czar atuando durante a tentativa da população em alcançar o Palácio de Inverno, em São Petersburgo, janeiro de 1905.
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Cossacos armados avançam sobre a população desarmada que protestava em frente ao palácio do czar |
De 1906 à Primeira Guerra Mundial
Czar prometeu melhorias sociais e o
fim do regime absolutista. Foram convocadas eleições gerais e eleito um
parlamento – a Duma – destinado a elaborar uma constituição. Quando as
agitações diminuíram, o czar voltou atrás com suas promessas e reprimiu os
sovietes (conselhos operários). Nos anos seguintes, o czar dissolveu a Duma
quando lhe foi conveniente, assim a situação da Rússia não melhorou.
A Rússia entrou na guerra em 1914, sem
condições de lutar. Os soldados não tinham botas, nem armamentos. Com isso,
havia muitas mortes e deserções.
Em 1917, a economia do país entrou em
colapso e o descontentamento chegou ao extremo. A população revoltada tomou as
ruas e os sovietes ressurgiram na cena política.
Em 12 de março de 1917, após outra
manifestação popular, o czar Nicolau II, foi obrigado a renunciar.
O governo provisório, formado pelos
políticos mais conservadores da Duma chamados de menchevique, adotaram as
seguintes medidas:
-
Jornada de trabalho de 8 horas;
-
Legalização dos partidos políticos;
-
Anistia dos presos políticos.
Os líderes do Partido Bolchevique,
Vladimir Lenin e Leon Trotski, eram contra o governo provisório e achavam que
os sovietes deveriam tomar o poder e instalar um regime socialista.
Na noite de 6 para 7 de novembro de 1917, os bolcheviques, apoiados pela população, derrubaram o governo provisório e instalaram um governo comunista.
Na noite de 6 para 7 de novembro de 1917, os bolcheviques, apoiados pela população, derrubaram o governo provisório e instalaram um governo comunista.
“Camaradas marinheiros, eu os saúdo
sem saber ainda se vocês têm acreditado ou não em todas as promessas do Governo
Provisório [...]. Eles prometem mundos e fundos; estão enganando a vocês e a
todo o povo russo. O povo precisa de paz; o povo precisa de pão; o povo precisa
de terra. E eles lhes dão guerra, fome, nada de pão – deixam os proprietários
continuarem controlando a terra. Precisamos lutar pela revolução social, lutar
até o fim, até a vitória completa do proletariado.” Discurso de Lênin em 16 de
abril de 1917.
Nesse discurso Lênin atribui ao governo
provisório, falhas e propõe uma alternativa para superar isso.
Revolucionários bolcheviques tomam o Palácio de Inverno, 7 nov. 1917 |
O primeiro governo comunista da História
No poder, os bolcheviques tomaram as
seguintes decisões:
- A Rússia retirou-se da guerra,
firmando a paz com a Alemanha por meio do Tratado de Brest-Litóvski. Com o
Tratado de Brest-Litóvski, a Rússia perdeu 700 mil km2 de território. A Polônia
tornara-se independente, e se formaram outros Estados, que até então haviam
feito parte do Império Russo: Lituânia, Letônia, Estônia e Finlândia. A Romênia
anexou a Bessarábia.
- As terras pertencentes à família
real, aos nobres e à Igreja Ortodoxa foram confiscadas e entregues aos
camponeses.
- As grandes indústrias foram
nacionalizadas, passando a ser controladas pelo governo.
- Concedeu-se a autodeterminação aos
povos dominados pela Rússia.
Opositores se articularam para retomar
o poder e organizaram exércitos contra-revolucionários. O embate entre essas
duas forças gerou uma guerra civil que durou de 1918 a 1921.
Do sonho
do socialismo a uma ditadura
Conclusões
da guerra civil:
-
Treze milhões de mortos.
-
Vitória do Partido Comunista (novo nome do Partido Bolchevique).
-
Forte centralização do poder no governo comunista.
-
Extinção dos partidos adversários; controle da imprensa; repressão aos
opositores.
Pôster soviético anônimo de 1920. Abaixo da imagem lê-se
“Seja capaz de alimentar o exército de nossa pátria-mãe. Não ajude a nobreza do mal a se reabastecer”
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Lênin instituiu em 1921, a Nova
Política Econômica (NPE), que restaurou parcialmente a economia de mercado. A
NPE procurava flexibilizar a economia com a adoção de algumas medidas:
-
Permissão de entrada de capitais estrangeiros por meio de empréstimos e
investimentos, sob rígido controle do Estado.
-
Incentivo para a formação de pequenas e médias indústrias privadas com crédito
fornecido e supervisionado pelo Estado.
-
Permissão aos camponeses para que, após pagarem tributos ao Estado, vendessem
os excedentes da produção livremente no mercado interno.
-
Direito de arrendar terra e contratar mão de obra, desde que para fins voltados
à produção.
Apesar dessas medidas, o Estado
continuava com o controle da indústria de base, das comunicações, dos transportes
e do sistema bancário.
Em dezembro de 1922,
durante um Congresso Soviete, que reuniu populações de várias partes da Rússia,
surgiu a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), que compreendia
quatro repúblicas: Rússia, Ucrânia, Bielorrússia e Transcaucásia (que
compreende as repúblicas atuais da Armênia, Geórgia e Azerbaijão). Mais tarde,
em 1924, foi a vez de Uzbequistão e Turcomênia integrarem-se e, em 1929, o
Tajiquistão. O governo passou a ser formado por membros dessas repúblicas, sob
a liderança da Rússia.
Mapa da Rússia em 1925 |
Frase de Leon Trótski em 1904, "conduzir
a organização do partido a substituir o partido, o Comitê central a substituir
a organização do partido, e finalmente um ditador a substituir o Comitê
central”, prevendo que Stálin, assumiria o poder.
Pôster realista de autoria desconhecida, publicado em 1948 com a mensagem “Viva a geração Komsomol Stálin” |
A
sociedade soviética transformou-se em um Estado burocratizado, controlado pela
elite do Partido Comunista e com a população privada de liberdade e
participação política. Para alguns defensores do socialismo, foi o ápice da
participação popular na busca de igualdade de
direitos para os mais pobres.
Vídeo sobre a Revolução Russa
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