quarta-feira, 19 de abril de 2017

Revolução Russa

A Rússia, no início do século XX, era governada por uma monarquia absolutista e era pouco desenvolvida economicamente.
Era o maior império territorial do mundo, ocupando regiões da Europa e da Ásia.

O império Russo em 1900


A base da sociedade era a agricultura predominantemente rural, utilizava técnicas e equipamentos ultrapassados, proporcionando baixo rendimento agrícola. A terra pertencia à nobreza, que era sustentada pelo trabalho dos camponeses.
O setor industrial era mais moderno que o rural, mas também havia desigualdades entre ricos (donos das fábricas, dos meios de produção) e pobres (trabalhadores, operários).

Xilogravura anônima de 1890 que retrata a precária situação da população rural na Rússia czarista durante o século XIX.

Inspirados nos ideais anarquistas e comunistas ansiavam também por derrubar o poder do czar e implantar um governo de cunho popular. Houve influência das ideias de Marx e Engels sobre a classe operária russa nesse contexto pré-revolucionário.

Ditadura do proletariado
Termo criado por Karl Marx e Friedrich Engels, criadores do chamado socialismo científico, no qual propunham a organização do proletariado contra a burguesia, como forma de eliminar a exploração capitalista. Segundo eles, somente o proletariado (trabalhadores assalariados) poderia extinguir o capitalismo por meio de uma revolução. A partir daí, seria estabelecida a ditadura do proletariado, fase intermediária rumo à sociedade sem classes, na qual as terras, as máquinas e as fábricas passariam ao controle dos operários. Depois de eliminada a luta de classes pelo fim da desigualdade social e da propriedade privada, a sociedade não precisaria mais do Estado e seria alcançado então o estágio final do desenvolvimento social: o comunismo, ou a sociedade sem classes.
A partir de 1905, após a Rússia perder a guerra contra o Japão, debilitando a economia e gerando graves consequências sociais, esse desejo por mudanças ficou mais evidente. 

Domingo Sangrento
Em janeiro de 1905, trabalhadores de São Petersburgo, então capital da Rússia, organizaram uma manifestação e foram recebidos a tiros pelas tropas do czar. Cerca de mil pessoas morreram nesse acontecimento, que causou revolta em diversos pontos do território russo.


Tropas do exército do czar atuando durante a tentativa da população em alcançar o Palácio de Inverno, em São Petersburgo, janeiro de 1905.
Cossacos armados avançam sobre a população desarmada que protestava em frente ao palácio do czar


De 1906 à Primeira Guerra Mundial
Czar prometeu melhorias sociais e o fim do regime absolutista. Foram convocadas eleições gerais e eleito um parlamento – a Duma – destinado a elaborar uma constituição. Quando as agitações diminuíram, o czar voltou atrás com suas promessas e reprimiu os sovietes (conselhos operários). Nos anos seguintes, o czar dissolveu a Duma quando lhe foi conveniente, assim a situação da Rússia não melhorou.

A Rússia entrou na guerra em 1914, sem condições de lutar. Os soldados não tinham botas, nem armamentos. Com isso, havia muitas mortes e deserções.
Em 1917, a economia do país entrou em colapso e o descontentamento chegou ao extremo. A população revoltada tomou as ruas e os sovietes ressurgiram na cena política.
Em 12 de março de 1917, após outra manifestação popular, o czar Nicolau II, foi obrigado a renunciar.
O governo provisório, formado pelos políticos mais conservadores da Duma chamados de menchevique, adotaram as seguintes medidas:
- Jornada de trabalho de 8 horas;
- Legalização dos partidos políticos;
- Anistia dos presos políticos.
Os líderes do Partido Bolchevique, Vladimir Lenin e Leon Trotski, eram contra o governo provisório e achavam que os sovietes deveriam tomar o poder e instalar um regime socialista. 
Na noite de 6 para 7 de novembro de 1917, os bolcheviques, apoiados pela população, derrubaram o governo provisório e instalaram um governo comunista.

“Camaradas marinheiros, eu os saúdo sem saber ainda se vocês têm acreditado ou não em todas as promessas do Governo Provisório [...]. Eles prometem mundos e fundos; estão enganando a vocês e a todo o povo russo. O povo precisa de paz; o povo precisa de pão; o povo precisa de terra. E eles lhes dão guerra, fome, nada de pão – deixam os proprietários continuarem controlando a terra. Precisamos lutar pela revolução social, lutar até o fim, até a vitória completa do proletariado.” Discurso de Lênin em 16 de abril de 1917.
Nesse discurso Lênin atribui ao governo provisório, falhas e propõe uma alternativa para superar isso.

Revolucionários bolcheviques tomam o Palácio de Inverno, 7 nov. 1917


O primeiro governo comunista da História
No poder, os bolcheviques tomaram as seguintes decisões:
- A Rússia retirou-se da guerra, firmando a paz com a Alemanha por meio do Tratado de Brest-Litóvski. Com o Tratado de Brest-Litóvski, a Rússia perdeu 700 mil km2 de território. A Polônia tornara-se independente, e se formaram outros Estados, que até então haviam feito parte do Império Russo: Lituânia, Letônia, Estônia e Finlândia. A Romênia anexou a Bessarábia.
- As terras pertencentes à família real, aos nobres e à Igreja Ortodoxa foram confiscadas e entregues aos camponeses.
- As grandes indústrias foram nacionalizadas, passando a ser controladas pelo governo.
- Concedeu-se a autodeterminação aos povos dominados pela Rússia.

Opositores se articularam para retomar o poder e organizaram exércitos contra-revolucionários. O embate entre essas duas forças gerou uma guerra civil que durou de 1918 a 1921.


Do sonho do socialismo a uma ditadura

Conclusões da guerra civil:
- Treze milhões de mortos.
- Vitória do Partido Comunista (novo nome do Partido Bolchevique).
- Forte centralização do poder no governo comunista.
- Extinção dos partidos adversários; controle da imprensa; repressão aos opositores.
 
Pôster soviético anônimo de 1920. Abaixo da imagem lê-se
“Seja capaz de alimentar o exército de nossa pátria-mãe. Não ajude a nobreza do mal a se reabastecer”

Lênin instituiu em 1921, a Nova Política Econômica (NPE), que restaurou parcialmente a economia de mercado. A NPE procurava flexibilizar a economia com a adoção de algumas medidas:
- Permissão de entrada de capitais estrangeiros por meio de empréstimos e investimentos, sob rígido controle do Estado.
- Incentivo para a formação de pequenas e médias indústrias privadas com crédito fornecido e supervisionado pelo Estado.
- Permissão aos camponeses para que, após pagarem tributos ao Estado, vendessem os excedentes da produção livremente no mercado interno.
- Direito de arrendar terra e contratar mão de obra, desde que para fins voltados à produção.
            Apesar dessas medidas, o Estado continuava com o controle da indústria de base, das comunicações, dos transportes e do sistema bancário.


Em dezembro de 1922, durante um Congresso Soviete, que reuniu populações de várias partes da Rússia, surgiu a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), que compreendia quatro repúblicas: Rússia, Ucrânia, Bielorrússia e Transcaucásia (que compreende as repúblicas atuais da Armênia, Geórgia e Azerbaijão). Mais tarde, em 1924, foi a vez de Uzbequistão e Turcomênia integrarem-se e, em 1929, o Tajiquistão. O governo passou a ser formado por membros dessas repúblicas, sob a liderança da Rússia.
Mapa da Rússia em 1925

Frase de Leon Trótski em 1904, "conduzir a organização do partido a substituir o partido, o Comitê central a substituir a organização do partido, e finalmente um ditador a substituir o Comitê central”, prevendo que Stálin, assumiria o poder.
   
Pôster realista de autoria desconhecida, publicado em 1948 com a mensagem “Viva a geração Komsomol Stálin”





A sociedade soviética transformou-se em um Estado burocratizado, controlado pela elite do Partido Comunista e com a população privada de liberdade e participação política. Para alguns defensores do socialismo, foi o ápice da participação popular na busca de igualdade de  direitos para os mais pobres.

Vídeo sobre a Revolução Russa



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